Jornalista denuncia caso de intolerância política praticada por deputado estadual do RN
outubro 15, 2018
A jornalista Juliana Celli usou seu perfil nas redes sociais
para denunciar um caso de intolerência política praticada pelo deputado estadual Getúlio
Rêgo (DEM).
Ela inicia seu relato dizendo que “como jornalista, talvez
esse seja o texto mais difícil que já escrevi. Olhos cheios de lágrimas,
coração apertado, dúvidas sobre o que pode acontecer comigo a partir de agora.
Mas muita vontade de dar a minha contribuição de viver num mundo melhor, pra
mim e pra minha filha. Decidi não me calar”.
Em seguida ela relata o fato acontecido: “Na última
quinta-feira (11/10) eu fui vítima da intolerância política que estamos
testemunhando no país e que chegou no seu mais grave momento com a chegada do
segundo turno das eleições.
Eu já noticiei tanto sobre esses casos que estão acontecendo. O último, o de
uma médica, no serviço público do Rio Grande do Norte, que rasgou uma receita
porque ao perguntar em que candidato o paciente votaria, ele afirmou votar no
candidato do PT. Fiquei indignada!
Mas, jamais pensei passar por isso. Estava enganada!
Na quinta-feira pela manhã eu estava trabalhando quando um superior fez o sinal
usado pelo candidato Bolsonaro, aquele que simula duas armas. Ele me perguntou
se eu estava pronta pra fazer o tal gesto. Eu falei que não faria porque não
voto nesse candidato, na verdade decidi não votar em nenhum dos dois candidatos
postos por não concordar nem com um nem com o outro. Foi aí a minha supresa, o
superior, o deputado estadual Getúlio Rêgo, que até então sempre tive uma boa
convivência, começou a me insultar. Ouvi palavras como corrupta, mentirosa, e
que eu deveria pedir exoneração do meu cargo (de confiança). Ele estava
completamente alterado, falando alto, gesticulando em minha direção. Por um
momento, pensei em explodir, me contive. Consegui me manter firme e respeitosa,
mesmo que muito constrangida, principalmente pelo fato de na hora estar
conduzindo convidados para uma reunião de trabalho. Argumentei que o voto é
livre, e eu podia votar em quem quisesse ou até mesmo me omitir. Ele continuou
esbravejando, na frente deles e de mais alguns servidores, que eu deveria votar
em quem meu chefe mandasse. Eu voltei a argumentar que não estávamos mais no
tempo de “votos de cabrestos”, algo muito utilizado nos “currais” eleitorais e
que meu chefe direto é democrático, jamais iria me obrigar a votar em quem eu
não quisesse.
Ele continuou sem respeitar a minha decisão. Se alterou ainda mais, falando em
tom ameaçador. Eu decidi encerrar o assunto entrando na sala para participar da
reunião que estava programada. Pedi desculpas aos convidados pelo ocorrido,
mantive a calma para terminar aquela demanda, mas depois desabei. Conversei com
colegas, ouvi familiares, procurei um advogado.
Algumas pessoas disseram que seria meu fim eu expor esse assunto, outras me
apoiaram, me incentivaram. Passei alguns dias analisando sozinha, pedindo a
Deus uma resposta, deixando a “poeira” baixar e a emoção ser controlada para aí
sim tomar uma decisão mais acertada.
Se eu, jornalista, assessora de imprensa, apresentadora de um jornal na rádio,
de um programa de TV, não pode falar, quem pode?
As milhares de mulheres e homens que estão passando por isso em seus empregos
em todo país ou em outros locais?
Não. Eu digo não à intolerância política!!!”
Juliana Celli finaliza seu relato afirmando que “o voto é livre!!! Se você vota num candidato que eu tenho repulsa eu preciso respeitar.
Juliana Celli finaliza seu relato afirmando que “o voto é livre!!! Se você vota num candidato que eu tenho repulsa eu preciso respeitar.
Não deixe ninguém lhe dizer que você é menos inteligente ou menos cidadão por
isso.
Se você quer votar em Haddad, vote livremente. Se você vota em Bolsonaro, vote
livremente. Se quiser votar em branco, nulo, vote livremente.
Em tempos de #elenão e #elesim eu
o convido a levantar uma bandeira muito mais importante, a da tolerância. Essa
é a minha campanha. #intoleranciaNao #toleranciasim”
Confira ao lado a postagem original
Confira ao lado a postagem original
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