MPRN revela detalhes da Operação Ganância
abril 02, 2020
O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) divulgou
detalhes da operação Ganância, ação deflagrada hoje para combater a prática de
aumento abusivo no preço de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)
utilizados por profissionais de saúde no combate à Covid-19. O reajuste no
valor de uma máscara descartável chega a 14.733,33%. (Leia AQUI)
Na operação foram apreendidos EPIs e álcool em gel, notas
fiscais, computadores e aparelhos de telefone celular.
A apuração do crime teve início no final do mês passado,
quando uma prefeitura da região metropolitana de Natal procurou o empresário
investigado e pediu o orçamento de máscaras descartáveis, equipamento de
proteção essencial às atividades dos profissionais de saúde durante a pandemia
do coronavírus.
Na conversa feita através do aplicativo whatsapp, o
empresário investigado informou ter sessenta milhões de unidades das máscaras
em estoque. O preço até recentemente praticado no mercado pelo equipamento era
de R$ 0,06 a R$ 0,10 a unidade. Todavia, no diálogo mantido pelo aplicativo,
ele cobrou, por cada máscara, os valores de R$ 5,90 (pagamento antecipado); R$
7,90 (pagamento na fatura); e R$ 8,90 (para o caso de 60% no pedido e 40% na
entrega). Esses reajustes são de 9.733,33%, 13.066,66% e 14.733,33%.
Com a cobrança abusiva, servidores da prefeitura procuraram
o MPRN e denunciaram o crime. As investigações confirmaram que o empresário
continua aumentando arbitrariamente o lucro e impondo preços absurdos e
excessivos, além de segurar os equipamentos em estoque. Para o MPRN, essa
prática causa danos e prejuízos irreparáveis a toda a sociedade, seja pela
iminência da paralisação dos serviços médicos, e, consequentemente do
atendimento ao público, seja pela impossibilidade de uso das máscaras por
aqueles infectados que delas realmente necessitam, possibilitando a propagação
da doença.
Além da busca e apreensão de documentos, computadores e
celulares, o MPRN obteve na justiça a autorização para apreender todo o estoque
de Equipamentos de Proteção Individual e ainda de álcool em gel que estejam em
poder do empresário ou da empresa fornecedora. O material apreendido será
entregue à secretaria municipal de Saúde que fez a denúncia e à secretaria de
Saúde de São Paulo, que deverão, posteriormente, indenizar as empresas com os
valores justos.
A prática investigada constituiu crime contra a economia
popular e as penas podem chegar a dez anos de prisão.
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