Por que duas secretarias para o setor rural potiguar?

O desenho que se sabe até agora da estrutura organizacional da gestão Fátima Bezerra é que o setor rural terá duas secretarias. Continua a Secretaria de Estado da Agricultura, da Pecuária e da Pesca (Sape) e será criada a Secretaria de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar (Sedraf).

Dito isso, algumas perguntas começam a aflorar:

A Sape não tem atividades para a agricultura familiar? Não faz desenvolvimento rural?

A qual das duas secretarias ficarão vinculados órgãos como Emater, Emparn, Idiarn, Ceasa...

Pelo que se desenha, a Emater ficará vinculada a Sedraf, já que a autarquia tem como principal objetivo trabalhar com a agricultura familiar.

Caso a Emater fique na Sedraf, quais os técnicos que irão trabalhar as demandas da Sape, já que essa secretaria não tem servidores na maioria dos municípios?

A Emparn realiza todo tipo de pesquisa, que atinge o pequeno, médio e grande produtor. E ai? A quem a empresa ficará vinculada?

O Idiarn, órgão de defesa e inspeção agropecuária, desenvolve atividades para todo produtor rural. Ficará vinculado a qual secretaria?

Alguém pode até questionar que já existem duas secretarias no setor rural: Sape e Seara. Acontece que o objetivo da Seara é bem específico: assuntos fundiários e reforma agrária. Bem diferente do que se desenha para a Sedraf.

A pergunta que não quer calar é: por que duas secretarias e não apenas uma?

Uma sugestão a equipe de transição: procure ouvir as opiniões dos atuais secretários da Sape e da Seara sobre esse assunto. Procure ouvir técnicos do setor rural que desenvolvem ações nos municípios distantes da capital e os atuais dirigentes da Emater, Emparn, Idiarn e Ceasa.

Como agrônomo que atuou por três décadas no setor rural do Rio Grande do Norte, arrisco um palpite: a decisão da equipe de transição será a de definir uma só secretaria para as ações no meio rural do estado potiguar. Caso queiram que as ações para o setor sejam mais eficientes.